segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Pedra Filosofal

Há uns tempos, sugeriam-nos por aqui em tom de comentário (e muito obrigado, é um propósito deste blog pertencer a todos) "Lágrima de Preta" de António Gedeão e a música por Manuel Freire, recordei-me eu hoje de Manuel Freire também e por acaso de António Gedeão também mas desta vez com "Pedra Filosofal". Teria razões para fazer um Post duplo, no entanto, sinceramente, não aprecio tanto musicalmente a melodia por trás do outro poema, por isso faço referência a ele mas merece sem dúvida este que o sublinhe. Não para mostrar algo de novo mas sim para avivar memórias, é sempre óptimo recordar estas passagens. Passagens que nos vêm da interiorização deste belo poema com uma doce melodia.
Doces também as imagens que ilustram o vídeo... Ofereço-vos então neste post 3 viagens diferentes.

Espero que os "destinos" sejam do vosso agrado.




Manuel Freire


Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos


que em verde e ouro se agitam
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma. é fermento,
bichinho alacre e sedento.
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel.
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança.,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
para-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre a mãos de uma criança.

António Gedeão

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bonito! Ainda bem que nem só os "cotas" gostam! :)

Anônimo disse...

Lembro-me no 10º ano estava este poema no livro. A professora perguntou se alguém conhecia a versão musical, e para nos lembrar qual era a professora cantou um bocadinho.

(Eu e a Mariana já tínhamos andado a cantar, mas com vergonha de ter de cantarolar em frente à turma ficamos de bico calado)

Gosto da roupa nova do blog, a anterior tornava os textos ilegíveis.

Anônimo disse...

Ó Inês, essa tua prof deve ser tola! :) Cantou um bocadinho??? E tu lembras-te disso, agora que já és pré-universitária?

Anônimo disse...

sim sim...era um bocadinho, daí nós nos lembrarmos desse episódio..Ou será que nos lembramos por outras razões?Por aquelas que nos vamos lembrar sempre?Hummmm já nem sei!xD

(pura brincadeira:D )