sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Porto Sentido

Não mais um mas sim mais dois poetas que dá de imediato vontade de partilhar com o Mundo. Um que escreve não apenas letras de canções, escreve verdadeiramente poemas para canções. Carlos Tê, assinalável a qualidade e quantidade de letras escritas para vários artistas interpretarem. E quem melhor, com esta última responsabilidade que Rui Veloso? Poeta da canção. Não criando a letra, entra também no processo (a meu) ver da criação poética por tudo mais que consegue transmitir na sua musicalidade.


Com um bom poema e uma boa melodia nasce esta magia:



Rui Veloso




Quem vem e atravessa o rio
junto à serra do Pilar

vê um velho casario

que se estende até ao mar_

Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, sanjoanina

erigida sobre um monte

no meio da neblina.

Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz

por pedras sujas e gastas

e lampiões tristes e sós.

E esse teu ar grave e sério
dum rosto e cantaria

que nos oculta o mistério

dessa luz bela e sombria

[refrão]
Ver-te assim abandonada

nesse timbre pardacento

nesse teu jeito fechado

de quem mói um sentimento

E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa

rever-te nessa altivez

de milhafre ferido na asa.


Opto por este conjunto de imagens face a qualquer outro vídeo da canção porque penso que ilustra muito bem o conteúdo desta.

JR


Carlos Tê

2 comentários:

Anônimo disse...

No processo de criação poética estamos todos nós (lá diz o FP!)- o que escreve (o Carlos Tê), o que interpreta o que lê (o Rui Veloso) e nós (os que fruimos do que resulta da combinação da dupla Tê/Rui).
Uma dupla difícil de igualar (digo eu)! :)

Anônimo disse...

Dou por mim toda arrepiada quando ouço essa canção.
Tive sorte na cidade onde nasci, pois não é qualquer uma que consegue servir de inspiração para uma canção como esta.