Não mais um mas sim mais dois poetas que dá de imediato vontade de partilhar com o Mundo. Um que escreve não apenas letras de canções, escreve verdadeiramente poemas para canções. Carlos Tê, assinalável a qualidade e quantidade de letras escritas para vários artistas interpretarem. E quem melhor, com esta última responsabilidade que Rui Veloso? Poeta da canção. Não criando a letra, entra também no processo (a meu) ver da criação poética por tudo mais que consegue transmitir na sua musicalidade.
Com um bom poema e uma boa melodia nasce esta magia:
Quem vem e atravessa o rio
junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende até ao mar_
Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, sanjoanina
erigida sobre um monte
no meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
dum rosto e cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria
[refrão]
Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa.
Opto por este conjunto de imagens face a qualquer outro vídeo da canção porque penso que ilustra muito bem o conteúdo desta.
2 comentários:
No processo de criação poética estamos todos nós (lá diz o FP!)- o que escreve (o Carlos Tê), o que interpreta o que lê (o Rui Veloso) e nós (os que fruimos do que resulta da combinação da dupla Tê/Rui).
Uma dupla difícil de igualar (digo eu)! :)
Dou por mim toda arrepiada quando ouço essa canção.
Tive sorte na cidade onde nasci, pois não é qualquer uma que consegue servir de inspiração para uma canção como esta.
Postar um comentário