terça-feira, 9 de outubro de 2007

Palavras do Campo...

Palavras do Campo porque era essencialmente aqui que Miguel Torga se inspirava, era aqui que se refugiava cansado da rotina à espera de revigorar corpo e mente. Tive a sorte de ter assistido por acaso a uma parte de uma das "cerimónias" de comemoração dos 100 anos do Nascimento deste Senhor, uma espécie de palestra ou partilha de opiniões e vivências entre apreciadores da sua obra e amigos pessoais. Nesta noite, passei de apreciador a fã da sua poesia e da sua forma de viver... Merecerá com certeza em breve mais atenção a sua poesia e a sua pessoa neste espaço.

Estive também nas férias de visita ao monte de S.Leonardo (Galafura), no Douro, local este que Torga achava privilegiado para ter uma vista sobre o rio, as vinhas, o campo, a Terra...Deixo a ilustrar este poema um outro, uma fotografia tirada à capela erguida ao santo que dá nome ao lugar, que o poeta escreveu e intitulou com o nome deste monte.


Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga


JR

4 comentários:

Anônimo disse...

Bem-vindos à blogosfera, R&R! Ainda por cima por uma "boa causa" :) Oxalá a vossa prof de Português continue a despertar em vós o gosto pela PALAVRA ;)
Deixo-vos hoje um excerto de um dos meus autores de eleição sobre um autor por vós aqui referido:

“Depois gostava da cara dele, que só conheço de retratos. Lavrada de ossos achava-o pintura viva do que somos e a virilidade da sua ternura comoveu-me sempre, como uma escondida lágrima de sangue. É raro encontrar um escritor de prosa tão masculina e no entanto capaz de um jeito maternal a transbordar de emoção, contida à rédua curta pela força do pulso, no qual de percebe uma pessoa em carne viva, de sofrimento todo embrulhado em ironia e pudor. O que nos deixou pode ser muito bom, um bom, ou menos bom mas é inalteravelmente sério e sem trapaças o que é mais raro do que se julga. (…) Há nele um sentido ético de Literatura, de Medicina e da Vida.”

António Lobo Antunes in “Miguel Torga”, crónica da revista Visão, 20 de Setembro de 2007

Anônimo disse...

Bem eu venho aqui somente congratular-vos pela alucinante qualidade deste vosso blog.
Os textos encontram-se muito bem seleccionados e os poemas são deveras cativantes. Espero que continuem o bom trabalho com que nos têm presenteado até ao momento.

;)

Ps: A "pessoa" do comentário anterior vai a todas...hehe =)

Anônimo disse...

K xena maiwx orroroxaaa!winda pu xima wao xavem exquerebew dirreitu! xtoda maz é pawa putogex!É U K FACHEM MILHOR! xD

Brincadeirinha ;)
Está fenomenal!Grande ideia :)

Anônimo disse...

Ah e a musica não podia ser melhor ;)